Produção "versus" comercialização de vinho Madeira

 

“A estatística é uma ciência que se ocupa de estratégias e decisões num contexto de variabilidade e incerteza.” (Pestana & Velosa, 2010)

Ao se aproximar das vindimas, aumenta a ansiedade do viticultor em particular na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos  Está a se aproximar o momento de relacionar os custos e a produção.

Este ano provavelmente, muitos não conseguirão reaver o investimento, onde estou a incluir o trabalho do proprietário, que nem sempre é contabilizado e os juros do investimento feito. É assim, na gestão de qualquer empresa, independentemente da sua estrutura ou área de investimento. Outra preocupação é o escoamento da matéria-prima usada para um dos vinhos mais famosos e conhecido do planeta, o “Vinho Madeira”.

Não tenho qualquer problema em afirmar, que nas últimas duas décadas as empresas de transformação não foram solidárias com os produtores, pois o preço da uva pouco se alterou em 35 anos e os custos de produção aumentam todos os anos, sem esquecer a mão de obra pouco qualificada e muito envelhecida. Assim sendo, Este comportamento corre o risco de provocar um abandono brusco da produção vitícola para outras culturas mais rentáveis, como é o caso da bananeiras. 

É possível verificar no boletim das Estatísticas da Agricultura e Pesca da Região Autónoma da Madeira – 2021, que a Ilha da Madeira perdeu na última década 36,4% da área vitícola. Se observarmos os valores de duas décadas, que foram publicados no recenseamento agrícola, entre 1999 e 2019 a perda é superior a 55%.


Figura 1 - Dados recolhidos no website do IVBAM e nas publicações oficiais do Recenciamento Geral Agrícola da RAM.

 

Anos

Total (ha)

Comercialização (litros)

Valor(€)

1989

1 737,00

3 836 996

9 234 543

1999

1 519,75

3 627 257

15 706 980

2009

1 312,00

3 273 407

14 535 224

2019

718,99

3 162 937

18 666 439

Dados recolhidos no recenseamento agrícola e no IVBAM.

(https://vinhomadeira.com/storage/uploads/statistics/comercializao-de-vinho-da-madeira-1976---2021621ce1e5bfe58.pdf)

A redução da área vitícola para menos de metade é evidente, contudo, as perdas de produção de vinho Madeira não foram acentuadas, o que pode significar que a perda de área estava ocupada com vinhas de fraco valor comercial. O que mais se salienta é que mesmo com a redução de produção existiu uma duplicação do valor comercial, sem benefício para o viticultor.  




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