Produção "versus" comercialização de vinho Madeira
“A estatística é uma ciência
que se ocupa de estratégias e decisões num contexto de variabilidade e incerteza.”
Ao se aproximar das vindimas, aumenta a ansiedade do viticultor em particular na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos Está a se aproximar o momento de relacionar os custos e a produção.
Este ano provavelmente, muitos
não conseguirão reaver o investimento, onde estou a incluir o trabalho do proprietário,
que nem sempre é contabilizado e os juros do investimento feito. É assim, na
gestão de qualquer empresa, independentemente da sua estrutura ou área de
investimento. Outra preocupação é o escoamento da matéria-prima usada para um
dos vinhos mais famosos e conhecido do planeta, o “Vinho Madeira”.
Não tenho qualquer problema em afirmar,
que nas últimas duas décadas as empresas de transformação não foram solidárias
com os produtores, pois o preço da uva pouco se alterou em 35 anos e os custos de
produção aumentam todos os anos, sem esquecer a mão de obra pouco qualificada e
muito envelhecida. Assim sendo, Este comportamento corre o risco de provocar um abandono brusco
da produção vitícola para outras culturas mais rentáveis, como é o caso da bananeiras.
É possível verificar no boletim das Estatísticas da Agricultura e Pesca da Região Autónoma da Madeira – 2021, que a Ilha da Madeira perdeu na última década 36,4% da área vitícola. Se observarmos os valores de duas décadas, que foram publicados no recenseamento agrícola, entre 1999 e 2019 a perda é superior a 55%.
Anos |
Total (ha) |
Comercialização (litros) |
Valor(€) |
1989 |
1 737,00 |
3 836 996 |
9 234 543 |
1999 |
1 519,75 |
3 627 257 |
15 706 980 |
2009 |
1 312,00 |
3 273 407 |
14 535 224 |
2019 |
718,99 |
3 162 937 |
18 666 439 |
Dados recolhidos no recenseamento
agrícola e no IVBAM.
(https://vinhomadeira.com/storage/uploads/statistics/comercializao-de-vinho-da-madeira-1976---2021621ce1e5bfe58.pdf)
A redução da área vitícola para
menos de metade é evidente, contudo, as perdas de produção de vinho Madeira não
foram acentuadas, o que pode significar que a perda de área estava ocupada com
vinhas de fraco valor comercial. O que mais se salienta é que mesmo com a
redução de produção existiu uma duplicação do valor comercial, sem benefício
para o viticultor.
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