Quanto custou produzir 1 Kg de uva Negra mole (2023)
Chegou o dia de “Lavar dos cestos”, e também o momento de fazer as contas. Quando entre amigos, o tema de conversa tente
para as videiras e para o vinho, há uma pergunta que geralmente ninguém faz.
Quanto custa produzir 1 Kg de uva?
2023 foi o ano de registar ao pormenor todos os custos, incluindo a mão-de-obra familiar, valor que geralmente o agricultor não contabiliza, e assim obtive um valor real e detalhado.
Na freguesia do estreito de
Câmara de Lobos, a arquitetura usada para conduzir as videiras da referida
casta é quase 100% em latada, e os custos das intervenções culturais são idênticos
para todos os produtores. Nestas intervenções, que são todas manuais, estão incluídas a poda,
amarração, tratamentos, adubações, desfolha, vindima, etc. A parcela que usei
para este estudo tem 0,22 ha (2200m2), que de acordo com o INE, I.P. é o valor
médio da dimensão das parcelas na RAM.
Tarefa |
Custo (€) |
Tratamento para quebra de dormência |
278,26 |
Poda e amarração da vinha (mão-de-obra*) |
850,00 |
Limpeza das podas |
160,00 |
Adubação |
251,44 |
Materiais (Fio macarrão, arame, etc,) |
105,20 |
Produtos fitofármacos |
727,43 |
Mão-de-obra (Rega, tratamentos, cava, etc.*) |
640,00 |
Desfolha (mão-de-obra **) |
400,00 |
Vindimas |
340,00 |
Outras despesas |
80,04 |
Total |
3832.37 |
* - 50,00€ por dia c/ pequeno almoço e almoço incluído.
Nesta parcela está autorizada uma produção máxima de 3882Kg para Vinho Madeira, o que se pode concluir que para esta produção máxima, 1 (um) Kg de uvas tem um custo de produção próximo de 0,98€. Infelizmente foi um mau ano. Temperaturas elevadas, aumento de pragas, doenças, aumento nos preços dos fertilizantes e produtos fitofármacos e também um justo aumento na mão-de-obra.
A quebra de produção
este ano na referida parcela foi superior a 41%, o que significou que 1 kg de uva
teve um custo que se aproxima de 1,55€. Não é preciso calculadora para se concluir que o prejuízo
foi enorme.
Provavelmente os custos de produção é um dos fatores responsável para a perda entre 2009 e 2019, de 36,4% da nossa área vitícola, e sente-se que é uma atividade pouco atrativa, a não ser quando chega à mesa.
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